No dia 18 de maio de 1973 em Vitória no Espirito Santo, o país ficou abalado com um crime bárbaro, o caso “Araceli”, onde uma garotinha de apenas oito anos teve todos seus direitos humanos violados: foi raptada, estuprada e morta por adolescentes de classe média alta. Por cauda desse crime essa data ficou marcada como o “Dia Nacional do Combate ao Abuso e à Exploração de Crianças e Adolescentes”, Lei 9.970/00. Muitas pessoas pensam que o abuso ou a violência é o ato em si, mas não.
A Organização Mundial da Saúde – OMS, define violência como o uso intencional de poder e força física, ameaçados ou reais contra si, contra outra pessoa, contra um grupo ou uma comunidade com probabilidade de resultar em ferimento, morte, dano psicológico, falha no desenvolvimento, privação; já a exploração sexual está relacionada ao aliciamento e abuso de crianças e adolescentes no mundo da prostituição. Não existe um perfil de abusador já que esse abuso pode se caracterizar tanto como dano físico quanto psicológico. Abuso é tudo que enquadra: expiação da genitália, beijos, carícias, imagens pornográficas, intimidação do moral e vai até a concretização do ato sexual e tudo sem a permissão do outro, o que caracteriza violar.
Em meio a Pandemia o índice de violência doméstica de março de 2020 aumentou em 11% em todo país, comparado com março do ano passado. As pessoas estão mais estressadas, mais ociosas, ansiosas, fazendo uso de bebida; o índice de desemprego aumentou. Isso dentre outros fatores externos e internos como medo e insegurança, tem afetado diretamente as famílias e impactado nas relações entre casais e entre pais e filhos. As famílias encontram-se mais vulneráveis e menos pacientes.
A família é o primeiro grupo de pertença na vida de um ser humano e seu dever é oferecer saúde psíquica e física, educação, dignidade, respeito o elo de amor, aproximação, fonte de vida, de construção de autoestima, porém muitas dessas famílias têm feito o oposto e desestruturadas cometem graves crimes violando os direitos humanos. Dados estatísticos mostram que 70% das denúncias feitas de violência sexual contra crianças e adolescentes acontecem dentro de suas próprias casas, por pais, mães, padrastos e parentes das vítimas.
Há poucos dias, um acontecimento criminoso chocou os internautas, usuários do Facebook. Colocaram de forma explicita o padrasto abusando sexualmente de uma garotinha que deveria ter no máximo seis anos, enquanto o mesmo conversava com o enteado. Ele a estuprava enquanto conversava com o menininho que tinha aproximadamente a idade da menina. Notório ver no rosto da pequena garotinha, ela não tinha noção do que estava acontecendo ali enquanto sentia dor e ouvia os dois conversando. Ela estava estática, chocada. O garotinho também não tinha consciência e percepção do que estava acontecendo ao conversar com ele enquanto ele praticava o ato criminoso.
Como saber se uma criança ou adolescente esta sendo violentado?
O comportamento altera. Na maioria das vezes na presença do abusador a criança ou adolescente fica mais quieto, introvertido, mostra não querer contato visual e nem físico. Outras alterações comportamentais podem acontecer como: oscilação no humor, mais retraimento, irritabilidade, fazer xixi na cama com mais frequência, isolamento, tristeza e choro constante, irritabilidade e revolta, podem até perder a linguagem falada (verbal) antes adquirida. Podem apresentar um comportamento hipersexualizado, a higiene pode apresentar-se de forma obsessiva, ou seja, muitos banhos ou lavagens de mãos, além apresentar aversão ao sexo oposto; queda no rendimento escolar, querer chamar atenção com mais frequência, como também podem desenvolver transtornos como: distúrbios alimentares, ansiosos, depressivos e TOC.
Muitas vezes essa criança ou adolescente é silenciado pelo descrédito do seu relato, são ameaçados. Se for adolescente e mulher se torna ainda mais vulnerável, como se houvesse provocado a outra pessoa e sentem muita culpa.
Ao profissional da Psicologia cabe avaliar, orientar e se preciso quebrar o sigilo e denunciar.
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